'Uma piada inútil' define mergulhador sobre o peixe-lua 7

‘Uma piada inútil’ define mergulhador sobre o peixe-lua

Em 2015, o fotógrafo e mergulhador Richard Herrmann capturou a rara imagem de um leão-marinho comendo um peixe-lua. O registro foi feito a 19 km da costa de San Diego, Califórnia. A cena é um tanto incomum pelo fato da carne desses peixes ser muito dura, o que afasta predadores fixos.

Segundo investigações posteriores, o mamífero provavelmente vinha de uma área com pouco alimento e por isso apelou, resolvendo comer um pedaço dessa estranha iguaria.

A imagem foi postada no Reddit, em 2019, e atraiu um depoimento tão apaixonado quanto raivoso. Um italiano com a conta nomeada TelonTusk, que diz ser mergulhador e “se importar com a vida marinha mais do que tudo”, resolveu externar o que sente sobre esses peixes, em uma gigantesca análise que nos contagiou.

Telon afirma que esses peixes “são a maior piada que existe na Terra”, inúteis. E completa, dizendo que os odeia demais.

Ele diz que esses animais gigantes (podem pesar cerca de 2,3 toneladas) “parecem pratos de jantar inúteis”, e são o maior desperdício de energia da natureza.

O peixe-lua é um animal tão estranho que cientistas até hoje discutem como eles conseguem nadar. Até pouco tempo, a principal teoria é que eles simplesmente ficavam parados e seguiam as correntes marítimas.

O motivo para dúvida é bem descrito por Telon: “este pedaço de lixo flutuante simplesmente não possui as nadadeiras onde deveria”. Para nadar, eles contam com uma nadadeira superior e uma inferior e precisam recorrer a movimentos complexos para atingir uma velocidade decente.

Nadar é um negócio tão estranho para eles, que os peixes mais velhos geralmente se locomovem mais rápido que os jovens, não importa o tamanho — cientistas chutam que o motivo envolve a dificuldade de se locomover e a necessidade de aprendizado.

Esses peixes gigantes também não têm bexiga natatória, um órgão que praticamente todos os peixes ósseos possuem. A ideia desse órgão é simples: como um saco, ele pode ficar cheio de ar e auxiliar os peixes a manterem-se a certa profundidade na água.

Peixes sem bexigas natatórias geralmente possuem órgãos similares para exercer essa função. Tubarões têm óleo no fígado, outros têm tecidos de gordura para ajudarem na tarefa.

O peixe-lua não têm nada disso. Ele precisa controlar a profundidade dele com as nadadeiras que mal são capazes de o empurrarem para frente. Isso significa também que se um exemplar da espécie parar de nadar, ele começa a afundar. Esse, inclusive, foi o principal fato para pesquisadores rejeitarem a ideia de que eles ficavam parados, a espera das marés favoráveis.

Abaixo, um vídeo de mergulhadores encontrando um deles no fundo do mar.

“Você sabe, [bexiga natatória] é a única coisa que todo peixe tem para ter certeza de que não vai afundar no oceano quando parar de se mover e manter o lado certo para cima. Esta criatura [o peixe-lua]. Isso mal pode se mover para começar. Nunca pode interromper sua viagem contínua de idiotice pelo oceano ou ele afundará”, afirma Telon, sem medir palavras.

A falta da bexiga e o formato extremamente vertical desse peixe podem colocá-lo em situações realmente difíceis, como quando eles ficam presos na superfície do mar, boiando como um prato velho de plástico.

Felizmente para eles, ficar preso também os ajuda a receber sol (o motivo do nome dele em inglês ser sunfish, ou “peixe sol”) e permite aves marinhas devorarem parasitas na pele dele.

Telon continua, lembrando que o peixe-lua é gigante (até 3,3 m de altura), mas um predador inútil. Ele só come águas-vivas e outros animais que entram na boca dele, provavelmente porque não consegue desviar deles. Os dentes desses animais estão constituídos de tal forma, que a boca deles nunca fecha.

“A maioria deles só come água-viva porque, é claro, eles só podem comer algo que não tem cérebro e consegue de entrar em suas bocas, eu acho”, especula Telon.

“Tudo o que ele come tem valor nutricional quase zero e, por ser tão estupidamente grande, tem que comer uma tonelada desse material quase sem valor nutricional para se manter vivo. Idiota”, completa Telon, completamente absurdado por esses peixes.

Estranhamente, eles podem ser perigosos para humanos… quando resolvem pular e acertam alguém em um barco.

“A coisa mais perigosa sobre eles é, como você deve ter adivinhado, sua estupidez. Eles já causaram a morte de uma pessoa antes. Porque um deles pulou em um barco. Em um humano. E em 2005 decidiu reviver seus poderosos dias de glória e fazê-lo novamente, desta vez caindo em um menino de quatro anos. Felizmente, Byron [o menino] não sofreu ferimentos. Muito bom, peixe. Ótimo trabalho.”

E como um animal tão tonto e inútil se perpetua? Bom, eles não são facilmente comestíveis.

“Eles às vezes são comidos, no entanto. Mas, dificilmente. Nenhum animal realmente os usa como fonte de alimento, mas em vez disso (o que nos levou a essa foto) geralmente os mutilará em caráter de testes. Focas já foram vistas brincando com suas nadadeiras, como frisbees. Provavelmente a coisa mais útil que já saiu deles”, afirma o mergulhador.

Existem outras estratégias também. Ele é o vertebrado mais fértil conhecido. Uma única fêmea produz 300 milhões de ovos de uma vez, o que torna quase impossível que cada uma delas não gere ao menos cinco filhotes.

Eles também crescem em um ritmo assustador: ganha cerca de 400 kg em 15 meses. A taxa de ganho de peso é de 0,82 kg/dia, assustadoramente mais que a média dos outros peixes, cerca de 0.02-0.29 kg/dia.

“E isso conclui por que eu odeio esse fracasso completo da evolução, o peixe-lua. Se eu vir um, vou jogar pedras nele”, conclui.

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