O que vai acontecer agora que o núcleo da Terra ”freou”? 7

O que vai acontecer agora que o núcleo da Terra ”freou”?

Sem dúvida, o centro da Terra ainda representa o local mais misterioso de todo o planeta. Isso porque não somos capazes de chegar até lá, fisicamente falando. Mas isso não impede que dados sejam colhidos, especialmente porque ainda existe muito o que se compreender a respeito do núcleo da Terra.

Tanto que, um estudo feito por cientistas chineses descobriu que o núcleo do nosso planeta parou de girar mais rápido que a Terra. E claro que essa mudança pode resultar em consequências. Segundo Yi Yang e Xiaodong Song, sismólogos da Universidade de Pequim e autores do estudo, a descoberta feita por eles foi surpreendente.

Esses pesquisadores estão estudando o movimento do núcleo da Terra desde 1995. De acordo com eles, o interior do planeta costumava girar mais rápido. No entanto, em um determinado momento nas últimas décadas, o mais provável é que tenha sido em 2009, o núcleo passou a acompanhar a Terra em seu movimento natural.

Como esse fato foi descoberto, o que pode realmente estar se passando e quais as possíveis consequências foram explicadas por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, em uma entrevista para o site.

Desaceleração do núcleo

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Às vezes as pessoas podem ter a sensação de que o dia foi curto e que parece que cada dia que passa eles estão menores. Por mais que essa sensação seja explicada pelo ritmo de vida das pessoas, parece que ele não é o único responsável. Isso porque talvez exista uma explicação geofísica para isso.

Acontece que como o núcleo interno da Terra está desacelerando, isso pode sim ser sentido na duração dos dias, mesmo que a diminuição de tempo que ele cause seja de milésimos de segundos.

De acordo com Zurita, mesmo que esse comportamento fosse desconhecido até o momento, essa desaceleração parece ser uma coisa normal. “Acredita-se que isso pode ter um efeito tanto no campo magnético da Terra quanto na duração dos dias e noites, inclusive que isso pode explicar alguns fenômenos que a gente vem observando nos últimos anos e que não se sabia explicar, como a diminuição da duração dos dias. Faz algum tempo que os dias estão mais rápidos, alguns milésimos de segundos mais curtos”, disse ele.

Ainda segundo ele, o núcleo da Terra não apenas desacelerou o ritmo, como também parece que ele agora está girando ao contrário com relação à rotação da Terra.

“O núcleo interno costumava girar um pouco mais rápido do que a Terra. Então, ele desacelerou e, provavelmente em um momento próximo de 2009, esse núcleo interno passou a girar na mesma velocidade do planeta. Os cientistas acreditam que, agora, ele está girando mais lento do que a Terra, então, não apenas ele parou como passou a girar no sentido contrário”, pontuou Zurita.

Mesmo esse comportamento sendo uma novidade também para os cientistas, o estudo aponta que essa não é a primeira e não irá ser a última vez que isso acontece. “O que estamos vendo, muito provavelmente, é um comportamento que já existia no núcleo interno. Eles identificaram que, lá no início dos anos de 1970, isso ocorreu também”, explicou o presidente da APA.

Possíveis consequências

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Qualquer mudança que aconteça com algo que compõe o nosso planeta pode trazer consequências para todo o restante. Essa nova movimentação do núcleo não é diferente, e um dos autores do estudo disse em entrevista ao jornal El País algumas das possíveis consequências, além da duração dos dias.

“A alteração na rotação também pode modificar o campo gravitacional como um todo e causar deformações na superfície, o que alteraria também o nível do mar e, por sua vez, a temperatura global do planeta”, disse ele.

Entretanto, na visão de Zurita, as consequências irão ser menos catastróficas. “Se o núcleo interno da Terra continuar perdendo velocidade e permanecer girando ao contrário, a princípio, não tem efeitos significativos para a gente”. disse.

Mesmo que algumas pessoas relacionem isso com a perda do campo magnético do nosso planeta, ele pontua que “o campo magnético da Terra não existe por causa da rotação do núcleo interno, e sim, por conta das correntes convectivas que existem no núcleo externo. Alguns estudos indicam que essas correntes ajudavam a acelerar a rotação do núcleo interno. No entanto, existe também uma pressão da gravidade gerada pelo manto e pelo núcleo externo que acaba freando isso”.

Ainda de acordo com ele, o esperado pelos cientistas é que essa mudança se torne uma coisa periódica. “Essa rotação vai ser invertida aproximadamente a cada 60 ou 70 anos. Isso significa que não tende a acontecer de frear ainda mais e ficar girando para sempre ao contrário”, ressaltou.

O fato é que todos os estudos sobre o tema são recentes, o que, como Zurita aponta, mostra que até mesmo os cientistas ainda estão aprendendo a respeito da Terra.

Fonte: Olhar Digital

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