Por que o Spotify não quer 'demitir' Joe Rogan, mas abre mão de Neil Young? 7

Por que o Spotify não quer 'demitir' Joe Rogan, mas abre mão de Neil Young?

O Spotify recebeu na segunda-feira (24) um ultimato do cantor Neil Young: ele não deixaria mais suas músicas na plataforma caso Joe Rogan, podcaster acusado de espalhar desinformação sobre o covid-19, permanecesse no serviço de streaming. No fim das contas, Young saiu, e Rogan ficou. Joe Rogan comanda o podcast de entrevistas mais ouvido do Spotify nos EUA e teria recebido R$ 568 milhões para transmitir exclusivamente seu programa no aplicativo. Diante de tamanho investimento, o pedido de Young não surtiu o efeito desejado —embora a cantora Joni Mitchell tenha feito a mesma coisa em seguida. O artista e a sua gravadora, a Warner Records, tiraram as músicas da plataforma na quarta-feira (26).  Com essa movimentação, o Spotify demonstrou estar mais comprometido com o sucesso dos podcasts para assegurar sua estratégia de crescimento do que com músicas, ainda que isso custe o relacionamento com os artistas disponíveis na plataforma. Mas por quê? Podcasts valem mais que música Não é difícil entender por que a permanência do comediante Rogan pesou mais que a saída de Young, cantor cujo auge da fama foi há algumas décadas. Talvez não fosse o mesmo cenário se a “briga” fosse com Taylor Swift ou Drake, que constantemente aparecem entre os mais ouvidos do aplicativo em todo o mundo. Mas, na prática, o Spotify não depende financeiramente das músicas. Para analistas como Ashley Carman, do site norte-americano de tecnologia The Verge, a intenção de Young, Mitchell e até da Warner é outra: fazer pressão por uma renegociação dos valores de royalties que o Spotify paga a artistas. As músicas, em geral, não dão lucro (quando não dão prejuízo) à empresa. Enquanto o podcast de Rogan é realmente lucrativo e rende anúncios de US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões, na conversão direta), além de atrair novos ouvintes. Pelo contrato de Rogan com o Spotify, quando anunciantes compram espaços no podcast automaticamente precisam emplacar outros anúncios no restante do catálogo do streaming. Mas como fica a moderação de conteúdo? Por outro lado, o caso traz à tona questões sobre a moderação de conteúdo na plataforma movida a algoritmos. O Spotify diz que, entre suas diretrizes, “proíbe publicações na plataforma que promovam conteúdo perigoso, falso ou enganoso sobre covid-19 que possam causar danos offline e/ou representar uma ameaça direta à saúde pública”, mas afirmou ao The Wall Street Journal na quarta-feira (24) essa norma, por enquanto, não se aplica para o podcast de Rogan. Outros 20 mil episódios de podcasts foram removidos por violação dessas políticas, mas os de Rogan não.

https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2022/01/29/por-que-o-spotify-nao-quer-demitir-joe-rogan-mas-abre-mao-de-neil-young.htm

O Spotify recebeu na segunda-feira (24) um ultimato do cantor Neil Young: ele não deixaria mais suas músicas na plataforma caso Joe Rogan, podcaster acusado de espalhar desinformação sobre o covid-19, permanecesse no serviço de streaming. No fim das contas, Young saiu, e Rogan ficou.

Joe Rogan comanda o podcast de entrevistas mais ouvido do Spotify nos EUA e teria recebido R$ 568 milhões para transmitir exclusivamente seu programa no aplicativo. Diante de tamanho investimento, o pedido de Young não surtiu o efeito desejado —embora a cantora Joni Mitchell tenha feito a mesma coisa em seguida.

O artista e a sua gravadora, a Warner Records, tiraram as músicas da plataforma na quarta-feira (26). 

Com essa movimentação, o Spotify demonstrou estar mais comprometido com o sucesso dos podcasts para assegurar sua estratégia de crescimento do que com músicas, ainda que isso custe o relacionamento com os artistas disponíveis na plataforma. Mas por quê?

Podcasts valem mais que música

Não é difícil entender por que a permanência do comediante Rogan pesou mais que a saída de Young, cantor cujo auge da fama foi há algumas décadas.

Talvez não fosse o mesmo cenário se a “briga” fosse com Taylor Swift ou Drake, que constantemente aparecem entre os mais ouvidos do aplicativo em todo o mundo. Mas, na prática, o Spotify não depende financeiramente das músicas.

Para analistas como Ashley Carman, do site norte-americano de tecnologia The Verge, a intenção de Young, Mitchell e até da Warner é outra: fazer pressão por uma renegociação dos valores de royalties que o Spotify paga a artistas.

As músicas, em geral, não dão lucro (quando não dão prejuízo) à empresa. Enquanto o podcast de Rogan é realmente lucrativo e rende anúncios de US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões, na conversão direta), além de atrair novos ouvintes.

Pelo contrato de Rogan com o Spotify, quando anunciantes compram espaços no podcast automaticamente precisam emplacar outros anúncios no restante do catálogo do streaming.

Mas como fica a moderação de conteúdo?

Por outro lado, o caso traz à tona questões sobre a moderação de conteúdo na plataforma movida a algoritmos. O Spotify diz que, entre suas diretrizes, “proíbe publicações na plataforma que promovam conteúdo perigoso, falso ou enganoso sobre covid-19 que possam causar danos offline e/ou representar uma ameaça direta à saúde pública”, mas afirmou ao The Wall Street Journal na quarta-feira (24) essa norma, por enquanto, não se aplica para o podcast de Rogan.

Outros 20 mil episódios de podcasts foram removidos por violação dessas políticas, mas os de Rogan não.

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