Internet do Elon Musk chega ao garimpo ilegal, mas não às escolas públicas que o Bolsonaro prometeu 7

Internet do Elon Musk chega ao garimpo ilegal, mas não às escolas públicas que o Bolsonaro prometeu

A promessa de Elon Musk de levar internet para escolas na Amazônia por meio da empresa Starlink ainda não se concretizou, mas suas antenas têm encontrado uso em lugares inesperados, incluindo garimpos ilegais na região.

Desde a visita de Musk ao Brasil em maio de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, nenhum acordo foi fechado com o governo federal, e apenas três escolas estaduais no Amazonas receberam antenas da Starlink como demonstração de serviço, sem novas instalações desde então.

Apesar do anúncio do governo Bolsonaro de conectar 100% das escolas públicas da região Norte até o final de 2022, ainda existem mais de 5 mil escolas sem acesso à internet na região, de acordo com dados da Anatel.

Em outubro passado, o governo abriu um edital para provedores de internet interessados em fornecer banda larga a 6,9 mil escolas, mas a Starlink não participou da concorrência. Enquanto isso, as antenas da empresa têm sido vendidas para entidades privadas, inclusive garimpos ilegais na Amazônia.

No final do mês passado, a Starlink anunciou que atingiu a marca de 50 mil clientes no Brasil após lançar uma promoção com desconto no preço de instalação.

No entanto, a empresa não tem um escritório no país. As antenas da Starlink têm sido apreendidas em operações de fiscalização de garimpos ilegais, e é possível comprá-las em grupos de garimpeiros monitorados pela reportagem no WhatsApp e no Facebook.

O UOL questionou a Starlink sobre seus planos de conectar escolas e o uso de suas antenas nos garimpos ilegais, mas a empresa não retornou os contatos no e-mail disponível em seu site, e o representante legal da Starlink no Brasil afirmou que não fala em nome da companhia.

Enquanto isso, revendedores não autorizados da Starlink vendem as antenas por preços inflacionados, que chegam a ser mais de oito vezes o valor oficial.

Embora a revenda não seja ilegal, ela vai contra os termos de uso da própria Starlink, que proíbe a revenda do acesso como serviço independente.

Além disso, a revenda mais cara permite o uso no exterior, o que atrai garimpeiros brasileiros que levam as antenas para países como Venezuela, Suriname e Guianas.

A chegada da internet nos garimpos ilegais tem dificultado a fiscalização ambiental, de acordo com fiscais ouvidos pelo UOL.

A conexão via satélite de baixa órbita, como a oferecida pela Starlink, é a opção mais viável de internet em áreas remotas, como as florestas.

Os garimpeiros têm abandonado a comunicação via rádio devido ao acesso crescente à internet, o que lhes permite monitorar constantemente a presença dos órgãos ambientais nas áreas protegidas.

Essa melhora na comunicação dos garimpeiros tem criado brechas na fiscalização, permitindo que ocorram infrações. Por exemplo, a instalação de uma barreira no Rio Uraricoera.

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