Homem mais radioativo mantido vivo por 83 dias enquanto ‘chorava sangue’ e ‘pele derretia’ 7

Homem mais radioativo mantido vivo por 83 dias enquanto ‘chorava sangue’ e ‘pele derretia’

Ele foi exposto a 68 vezes o que os bombeiros foram expostos em Chernobyl

Em 1999, uma reação química na Usina Nuclear de Tokaimura, no Japão, resultou em uma liberação catastrófica da perigosa radiação de nêutrons e raios gama.

O incidente ocorreu quando dois técnicos, incluindo Hisashi Ouchi, de 35 anos, despejavam manualmente 16 quilos de urânio em uma cuba de metal. A operação foi um erro de cálculo, pois eles só tinham permissão legal para usar 2,4 quilos de urânio. A quantidade excessiva do material fez com que o líquido atingisse um “ponto crítico”, liberando a radiação nociva na atmosfera e expondo Ouchi a 17 Sieverts de radiação – a maior quantidade sofrida por qualquer ser humano vivo.

A exposição a uma dose tão alta de radiação teve consequências graves na saúde de Ouchi. Ele sofreu queimaduras, perda de glóbulos brancos e falência múltipla de órgãos. A equipe médica do Hospital da Universidade de Tóquio trabalhou incansavelmente para salvar sua vida, mas a extensão de seus ferimentos provou ser demais para superar.

Quando chegou ao hospital, ele já havia vomitado e desmaiado, com todo o corpo coberto de queimaduras, com a pele ‘derretendo’ e olhos vazando sangue.

A falta de glóbulos brancos e a ausência de resposta imunológica eram graves preocupações para os médicos. Eles colocaram Hisashi em uma ala médica especial para evitar infecções e usaram seu corpo para testar procedimentos envolvendo células-tronco.

A irmã de Hisashi se ofereceu para doar células-tronco, mas o método não funcionou e seu DNA não conseguia se reconstruir. Com o tempo, o sofrimento de Hisashi aumentou a ponto de ele implorar para que os médicos o deixassem em paz.  “Não aguento mais, não sou uma cobaia”, teria gritado o paciente uma vez no hospital.

No entanto, devido à insistência da família, os tratamentos experimentais continuaram. Com seu DNA totalmente destruído e danos cerebrais crescentes, o destino de Hisashi já estava selado. Em 21 de dezembro de 1999, ele sofreu uma parada cardíaca final que levou à falência de múltiplos órgãos, libertando-o do sofrimento.

O outro técnico envolvido no incidente, bem como o supervisor dos técnicos, Yutaka Yokokawa, também receberam tratamento, mas em menor grau. Yokokawa foi libertado após três meses com um leve enjoo causado pela radiação e foi acusado de negligência em outubro de 2000.

A empresa de combustível nuclear, JCO, mais tarde pagou US$ 121 milhões para liquidar 6.875 pedidos de indenização de indivíduos e empresas que sofreram ou foram expostos à radiação de o acidente.

O incidente na Usina Nuclear de Tokaimura foi um trágico lembrete dos perigos associados ao manuseio de materiais nucleares. Contribuiu para a gravidade do acidente o fato de os dois técnicos envolvidos não estarem devidamente treinados para a tão delicada tarefa, e de terem ultrapassado o limite legal de urânio. O desastre também destacou a importância de medidas de segurança adequadas e treinamento para aqueles que lidam com materiais nucleares.

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