Construção de usina no Ceará pode cortar os fios que ligam a Internet de 99% do território brasileiro 7

Construção de usina no Ceará pode cortar os fios que ligam a Internet de 99% do território brasileiro

A proposta de construir uma usina de dessalinização na região da Praia do Futuro, em Fortaleza, estado do Ceará, tem desencadeado um impasse significativo entre as operadoras de telefonia e o governo estadual. Este debate envolve a potencial ameaça de ruptura dos cabos submarinos de fibra óptica que atravessam a cidade de Fortaleza e desempenham um papel crucial na garantia da estabilidade da conexão à Internet em todo o Brasil.

O projeto da usina está sob a responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), com a finalidade de converter água do mar em água potável. Estimativas apontam que essa iniciativa pode aumentar o fornecimento de água na Grande Fortaleza em até 12%, aliviando a crescente demanda por recursos hídricos na região.

No entanto, a principal preocupação gira em torno do impacto potencial das obras na infraestrutura de cabos submarinos que são vitais para a conectividade do país. Devido à sua localização estratégica, Fortaleza é o ponto de conexão do Brasil com o restante do mundo e é responsável por até 99% do tráfego de dados em território nacional.

A manutenção contínua desses cabos submarinos é considerada essencial para manter a estabilidade da conexão em todo o país, uma vez que são responsáveis por transmitir informações em grande quantidade e alta velocidade. Esses cabos, geralmente gerenciados por operadoras de telecomunicações e grandes empresas de tecnologia, interconectam o mundo inteiro.

A possibilidade de quebra desses cabos submarinos poderia resultar no desligamento total da internet brasileira ou, no mínimo, em uma significativa redução de velocidade na conexão, o que teria impactos negativos para empresas, instituições e cidadãos em todo o país.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) emitiu uma recomendação contrária à construção da usina, o que interrompeu temporariamente o andamento do projeto, adiando seu término em pelo menos seis meses. Inicialmente, a previsão era que as operações de dessalinização começassem em 2025.

No entanto, a Cagece assegurou ter efetuado revisões significativas em seu projeto, incluindo o afastamento da infraestrutura de 40 para 500 metros dos cabos submarinos. Estas mudanças teriam gerado custos adicionais entre R$ 35 e 40 milhões, mas são consideradas capazes de preservar a integridade dos cabos e evitar interferências.

Embora exista a preocupação legítima de que danos aos cabos submarinos possam afetar a conectividade no Brasil, é importante ressaltar que o país possui infraestruturas de backup, como cabos adicionais e satélites, que poderiam ser acionados em caso de problemas na rede principal. Dessa forma, o impacto potencial de uma quebra de cabos no Brasil é improvável que seja tão severo quanto em outras regiões do mundo que não possuem sistemas alternativos robustos.

No entanto, em situações em que os cabos submarinos precisam ser reparados ou substituídos, o processo é caro e complexo. Isso envolve o uso de equipamentos especializados para puxar os cabos do fundo do mar até a superfície e realizar os reparos necessários, o que pode levar tempo e recursos significativos.

O impasse entre a construção da usina de dessalinização e a segurança da infraestrutura de cabos submarinos continua a ser um tema importante de discussão, exigindo um equilíbrio entre as necessidades de abastecimento de água potável e a manutenção da conectividade crucial para o país.

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