Harry Kane puxou a fila dos representantes de oito seleçÔes europeias que fecharam um acordo para disputar a Copa do Mundo com menção a uma campanha contra a homofobia. AlĂ©m da Inglaterra, Alemanha, BĂ©lgica, Dinamarca, França, Holanda, PaĂs de Gales e SuĂça pretendem estampar um coração com as cores do arco-Ăris em suas braçadeiras de capitĂŁo.
Apesar de a Federação Inglesa de Futebol (FA) jĂĄ ter anunciado ontem (21) esta medida de apoio ao movimento “OneLove”, o UOL Esporte apurou que ainda nĂŁo Ă© possĂvel considerĂĄ-la oficial. E mais: o assunto jĂĄ cria um impasse nos bastidores da Fifa.
A polĂȘmica começa no fato de que a homossexualidade Ă© considerada crime no Qatar, paĂs-sede do Mundial. Segundo a “sharia”, a lei em vigor em vĂĄrios paĂses com população predominantemente muçulmana, a prĂĄtica homossexual para homens ou mulheres prevĂȘ penas como apedrejamento e sete anos de prisĂŁo.
Apesar disso, autoridades locais disseram que pessoas com quaisquer orientaçÔes sexuais serão bem-vindas para a Copa.
O gesto da FA e das outras nove federaçÔes nacionais tem o objetivo justamente de pressionar o Qatar e o ComitĂȘ Supremo para Entrega e Legado, ĂłrgĂŁo que organiza a Copa do Mundo, a aceitar que terĂŁo que lidar com campanhas contra a discriminação e em nome do respeito aos direitos humanos ao longo do torneio. O uso das faixas de capitĂŁo com o desenho e as cores que lembram a bandeira do movimento LGBTQIA+ jĂĄ estĂĄ previsto para ser iniciado em jogos da Liga das NaçÔes a partir desta quinta-feira.
O grande problema é que estas braçadeiras ainda não foram aprovadas pela Fifa para uso na Copa do Mundo e podem nem ser.
A Fifa tem regras rĂgidas sobre como as seleçÔes devem se vestir no torneio. No regulamento, hĂĄ a previsĂŁo de que as faixas de capitĂŁo serĂŁo padronizadas para as 32 seleçÔes. Este conjunto de regras, por sua vez, foi discutido e aprovado em julho, em Doha, e certificado por todos os participantes da Copa em agosto, em reuniĂ”es individuais ocorridas em Zurique, na SuĂça.
Nesse sentido, uma saĂda em nome da padronização prevista em regulamento Ă© que todas as seleçÔes usem a braçadeira com o coração anti-homofobia. No entanto, a Fifa jĂĄ tem informação de que alguns paĂses vĂŁo rejeitar a ideia e tambĂ©m tem suas regras rĂgidas sobre inserção de questĂ”es polĂticas e sociais dentro do campo.
DaĂ vem o impasse que a entidade ainda nĂŁo sabe como contornar. A luta contra a homofobia Ă© uma bandeira da Fifa, mas o princĂpio da universalidade sobre a maneira como as seleçÔes se apresentam em campo tambĂ©m Ă©. NĂŁo hĂĄ previsĂŁo para uma decisĂŁo final.