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Surto de coceira na Grande Recife já passa dos 180 casos, entenda

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Subiu para 105 o número de casos de pessoas diagnosticadas com lesões na pele no Recife. O surto foi identificado a partir do início de outubro. Na maioria dos casos, os pacientes apresentam coceira no corpo. Normalmente, o quadro dura entre dois e três dias, mas há casos com manifestações mais intensas dessas lesões. Também já foram registrados casos na cidade de Camaragibe, no Grande Recife.

Primeiros casos foram registrados em moradores do Recife — Foto: Arquivo pessoal

Em nota enviado ao Jornal do Commercio na noite do último domingo (21), a Secretaria de Saúde do Recife disse que o aumento no número de notificações era esperado, já que, com o alerta epidemiológico emitido na semana passada, é “natural” que as redes de saúde fiquem mais atentas a pacientes com esses sinais.

Investigação

Na última sexta-feira (19), representantes da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde do Recife, da Secretaria Estadual de Saúde e do Instituto Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, além de um médico infectologista e de um médico epidemiologista, se reuniram para discutir os casos. “Ainda é necessário aguardar resultados de alguns exames laboratoriais dos casos e da análise de ácaros e mosquitos capturados para que seja possível apontar conclusões. Nesta semana, uma nova reunião entre os especialistas deve ser realizada”, disse a Sesau.

Sete pessoas da mesma casa tiveram os sintomas no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

Até agora, segundo a secretaria, não houve o registro de agravamento associado à aparição das lesões cutâneas nos pacientes. A nota também afirma que a secretaria segue atuando em diversas linhas de investigação. “Uma delas é desenvolvida por meio da captura de mosquitos, por equipes da Vigilância Ambiental, em alguns domicílios situados nas localidades onde houve notificações de casos, trabalho que também terá continuidade nos próximos dias. Serão realizados, ainda nesta semana, exames de raspado de pele em alguns pacientes notificados.”

Entenda o surto misterioso

Os primeiros casos foram identificados em cinco casos de crianças com lesões e coceiras na pele, no Córrego da Fortuna e no Sítio dos Macacos, na Zona Norte da cidade. Desde então, outros casos foram notificados e, até o momento, já há registro de 105 pessoas, de 2 a 96 anos, com os mesmos sintomas.

“A maioria [dos casos] se concentra em Guabiraba e Dois Irmãos. Estamos investigando várias possibilidades para identificar a causa do problema. As pessoas que apresentam essas lesões estão passando por alguns exames, como hemograma e sorologia para detectar arboviroses, (dengue, zika e chicungunha)”, informa a secretária-executiva de Vigilância em Saúde do Recife, Marcella Abath. Ela diz que alguns resultados já saíram, mas a Secretaria de Saúde do município só fará a divulgação quando houver informações consolidadas.

Camaragibe

A Prefeitura de Camaragibe também está investigando a presença desses sintomas em pelo menos 60 moradores que buscaram atendimento no Hospital Aristeu Chaves, principal emergência do município. O diretor em Vigilância em Saúde de Camaragibe, Geraldo Vieira, salientou que, na cidade, os primeiros casos surgiram, há 15 dias, no bairro de Ostracil, em uma escola municipal.

“A nossa equipe de vigilância ambiental foi até o local e iniciou a investigação.” Depois, pessoas de localidades próximas, como Aldeia e Tabatinga, começaram a apresentar os sinais e sintomas. “A maioria são adultos. O quadro dura pouco tempo, de dois a três dias, principalmente se depois que o paciente recebe assistência e inicia uso de antialérgico (sempre com orientação médica). Em outras pessoas, os sintomas são autolimitados (sem exigir tratamento e se resolve espontaneamente)”, explica Geraldo Vieira. Ele acrescenta que algumas lesões parecem ter sido desencadeadas por picadas de insetos, mas ressalta que ainda é cedo para afirmar a causa do problema. “Também investigamos se as lesões na pele podem ter relação com água ou plantas”, complementa.

O que diz o médico?

O médico infectologista Demétrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), explica que o mais intrigante é que os casos notificados não apresentam um padrão. “A variabilidade das lesões é grande. Por isso, identificar a causa não é simples. Mais de 80% das pessoas acometidas apresentam apenas as lesões de pele e a coceira. Uma pequena parcela também relata febre. Isso pode levar a uma superposição de diagnóstico, o que dificulta a investigação. É um trabalho de juntar peças de um quebra-cabeça”, sublinha Demétrius.

 

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