Nascem gêmeos do casal gay do DF que usou material genético da família 9

Nascem gêmeos do casal gay do DF que usou material genético da família

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2022/02/4987972-nascem-gemeos-do-casal-gay-do-df-que-usou-material-genetico-da-familia.html

Marc e Maya, gêmeos filhos do casal brasiliense Gustavo Catunda e Robert Rosselló, nasceram na tarde da última quarta-feira (23/2). Os bebês foram os primeiros nascidos após a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que permite utilizar óvulos de parentes, de até quarto grau, para gerar bebês.

Nas redes sociais, os pais compartilharam todo o processo do parto, desde o início das contrações até a internação, nascimento e a primeira mamada dos bebês. A prima de Gustavo e barriga solidária do casal, Lorenna Resende, entrou em trabalho de parto na noite de terça-feira (22/2) e passou a madrugada sendo assistida pela doula Aline Galvão.

Por volta das 8h de quarta, já no hospital, Lorenna apareceu nas redes sociais contando como foi a noite: “aguardando a internação, os meninos estão super nervosos. Estou aqui com a minha doula, passamos uma madrugada inteira de muita dor. Gente, não se enganem, tá, eu sinto dor, mas eu finjo estar bem e me comporto direitinho. Enfim, estamos aqui, em breve esse barrigão não me pertencerá mais”, disse a jovem, mostrando a barriga.

Quadro com os dados do nascimento dos gêmeos Marc e Maya

“Hoje foi, sem dúvidas, o dia mais longo e mais emocionante das nossas vidas. O sentimento é impossível de descrever”, escreveram os pais dos gêmeos, que nasceram no Hospital Santa Helena. Maya nasceu primeiro, às 11h08, com 45 cm e 2,3kg. Dois minutos depois, às 11h10, Marc veio ao mundo com 44,5cm e 2,3kg. “Nunca sentimos nada que se comparasse ao sentimento que tivemos hoje. Nosso amor de casal, que já era o maior do mundo, agora tomou uma proporção imensurável. O amor de uma família que se formou hoje”, declararam os mais novos papais. “O nosso maior legado”, garantiram.

A história da gestação, relevada pelo Correio em setembro de 2021, é um marco para a medicina reprodutiva. O ginecologista especialista em reprodução, Nicolas Cayres, um dos responsáveis pelo parto de Marc e Maya, declarou que esta quarta (23) é um dia histórico. “Sem dúvidas um marco na história da reprodução assistida no Brasil e uma vitória também para a comunidade LGBTQIA+”, garantiu. “Hoje eu termino meu dia dizendo que eu estou realizado”, assumiu o médico.

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Relembre o caso

Marc e Maya são fruto, acima de tudo, do amor dos engenheiros civis Gustavo, 29 anos, e Robert, 31, casados há 10 anos. O sonho da paternidade se tornou realidade com o apoio da família: o sêmem de Robert fecundou o óvulo da irmã de Gustavo e a prima dele se encarregou de gestar os bebês.

Tudo começou quando os moradores de Taguatinga Norte se conheceram na faculdade, tornaram-se melhores amigos e perceberam que a amizade daria uma linda história de amor. “Desde o primeiro momento, sabíamos que queríamos ser pais”, relatou Gustavo ao correio, na época em que o caso foi revelado.

O objetivo, segundo Robert, era usar a combinação de material genético de ambos. “Sempre quisemos fazer uma misturinha de nós dois”, ressalta. Gustavo completa, citando que imaginavam como seria possível concretizar o sonho. “A forma mais próxima de fazer isso era usar o óvulo da minha irmã, Camila, com o sêmen do Robert. Eu e ela somos muito parecidos na aparência”, explica Gustavo.

Em 2015, eles iniciaram o processo para se tornarem pais e encontraram a primeira dificuldade, que se juntou ao desafio de serem gays. “Naquele ano, descobrimos que não poderíamos usar os óvulos da Camila”, lembra Robert. A doação de material genético no Brasil só podia ser feita de maneira anônima, sem saber a procedência biológica da doadora.

Mesmo contrariando o desejo original, o casal passou a buscar as possibilidades disponíveis. Os engenheiros, então, cogitaram fazer todo o processo em outro país. Segundo eles, houve duas propostas, uma nos Estados Unidos, ao custo de U$ 100 mil, cerca de R$ 526 mil, e outra na Colômbia, com preço de U$ 60 mil, aproximadamente R$ 315,6 mil. “E para pagamento à vista”, acrescentou Gustavo. “Vimos que seria impossível fazer o processo em outro país, e continuamos à procura, inclusive da barriga”, continuou. Mas então, a resolução do CFM mudou todo o cenário. Na primeira tentativa após a autorização do conselho, Lorenna engravidou dos gêmeos.

Agora, Gustavo e Robert aproveitam cada segundo ao lado dos seus tão sonhados filhos. “A paternidade é uma emoção indescritível”, disseram.

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